Melhor Saquê do Mundo: Como Escolher o Ideal?

Escolher o rótulo ideal de saquê exige conhecimento técnico específico. O mercado oferece desde opções de entrada para coquetéis até garrafas artesanais complexas que rivalizam com os melhores vinhos brancos do mundo.

A barreira da língua e os kanjis nos rótulos muitas vezes confundem o consumidor brasileiro. Este guia elimina essa confusão ao explicar os critérios técnicos definitivos que separam uma bebida comum de uma experiência sensorial superior.

Você entenderá exatamente o que define a qualidade do *Nihonshu*. A classificação não se baseia em marca ou preço. Ela depende de processos químicos precisos. Fatores como a taxa de polimento do arroz e a adição ou não de álcool destilado alteram completamente o perfil de sabor.

Dominar esses conceitos garante que você nunca mais compre uma garrafa às cegas ou pague caro por um produto que não atende ao seu paladar.

A classificação do saquê divide-se primariamente em dois grupos. O primeiro grupo refere-se aos ingredientes. O termo **Junmai** significa "arroz puro". Bebidas com esta designação utilizam apenas arroz, água, *Koji* (fungo responsável pela fermentação) e levedura.

Nada mais entra na garrafa. O resultado é um sabor mais encorpado. Notas de cereais ficam evidentes e a acidez tende a ser mais presente. É a expressão mais direta do ingrediente base.

O segundo grupo envolve os saquês que não são Junmai. Estes recebem uma pequena quantidade de álcool destilado (álcool de cervejeiro) antes da prensagem. Isso não visa aumentar o teor alcoólico ou baratear o produto.

O objetivo técnico é extrair compostos aromáticos que são solúveis em álcool e criar um final de boca mais leve e seco. Rótulos como **Honjozo** se enquadram aqui. Eles são excelentes para acompanhar refeições longas sem cansar o paladar.

As categorias **Ginjo** e **Daiginjo** referem-se ao refinamento. Ginjo indica um saquê premium com aromas frutados e florais resultantes de fermentação a baixas temperaturas. Daiginjo representa o auge da técnica dos mestres *Toji*.

A complexidade aromática do Daiginjo é extrema. Espere notas de maçã, pera, melão ou anis. Estas categorias podem ser combinadas. Um "Junmai Daiginjo" é um saquê de puro arroz com polimento máximo.

Um "Daiginjo" simples possui adição de álcool para realçar o aroma.

O *Seimaibuai* é o indicador mais crítico de qualidade e estilo no rótulo. Ele representa a porcentagem do grão de arroz que restou após o polimento. O arroz de saquê (*Sakamai*) difere do arroz de mesa.

O amido concentra-se no núcleo do grão (o *shinpaku*). As camadas externas contêm gorduras e proteínas. Essas substâncias externas geram sabores indesejados e aromas rústicos durante a fermentação.

Um número menor de *Seimaibuai* indica um saquê mais refinado. Veja a escala prática:

• 70% ou mais: Geralmente saquês comuns (Futsushu) ou Junmai/Honjozo. Preservam mais Umami e sabor de arroz.
• 60% ou menos: Classificação Ginjo. O perfil torna-se mais leve e os aromas frutados começam a aparecer.
• 50% ou menos: Classificação Daiginjo. Metade do grão foi polido e descartado. Resulta em bebidas elegantes, complexas e geralmente mais caras.

Não assuma que um número menor é sempre "melhor" para o seu gosto. Um polimento de 23% (restando apenas 23% do grão) cria uma bebida etérea e delicada. No entanto. Se você busca um sabor robusto para acompanhar um prato gorduroso.

Um Junmai com 70% de polimento oferece a estrutura e a acidez necessárias para cortar a gordura. A escolha depende do objetivo da degustação.

O mito de que "saquê bom se bebe quente" ou "saquê frio é o correto" precisa acabar. A temperatura altera a volatilidade dos aromas e a percepção de doçura e álcool. Saquês aromáticos como **Ginjo** e **Daiginjo** devem ser servidos levemente resfriados (entre 10°C e 15°C).

O calor excessivo destrói os ésteres delicados que conferem as notas florais dessas categorias. Servi-los gelados demais (abaixo de 5°C) inibe o sabor e os torna insípidos.

O aquecimento (*Kan*) beneficia tipos específicos. Saquês **Junmai** robustos ou **Honjozo** ganham vida quando aquecidos entre 40°C e 50°C. O calor expande o *Umami*. A doçura do arroz se destaca e a acidez suaviza.

É a escolha perfeita para dias frios ou pratos quentes como *Nabe* (cozidos). Saquês não pasteurizados (*Namazake*) devem ser mantidos e servidos sempre frios para preservar seu frescor vibrante.

Sushi engloba uma variedade imensa de sabores e texturas. Peixes brancos e delicados (como o pargo) pedem um saquê que não atropele sua sutileza. Um **Ginjo** ou um **Junmai Daiginjo** leve funciona bem aqui.

Eles agem como um vinho branco elegante. A acidez limpa o paladar sem apagar o sabor do peixe.

Peixes gordurosos como o atum (O-toro) ou enguia grelhada exigem mais estrutura. Um saquê **Junmai** seco e encorpado é a contrapartida ideal. A gordura do peixe precisa da acidez e do sabor de cereal do Junmai para criar equilíbrio.

O saquê interage quimicamente com os frutos do mar neutralizando o cheiro forte de peixe (o que o vinho tinto muitas vezes exacerba devido aos taninos e ferro).

A versatilidade vai além da culinária japonesa:

• Queijos Curados: Acompanham perfeitamente saquês envelhecidos (Koshu) ou Yamahai, que possuem acidez lática alta.
• Churrasco e Grelhados: Um Honjozo seco e nítido limpa a gordura da carne vermelha.
• Pratos Picantes: Saquês Nigori (não filtrados, com aspecto leitoso) têm uma doçura e textura que acalmam a ardência de pimentas.